quarta-feira, 12 de março de 2008

ABC DO BACO

Decifrando um rótulo
O rótulo é uma carta de apresentação do vinho. Entender o que ele diz é fundamental na hora de escolher o que comprar e beber. O quadro abaixo mostra quais são, e onde estão, estas informações.
Verifique ainda se no contra-rótulo há indicações complementares que descrevam certas características do vinho, como: sabores e aromas encontrados, pratos que harmonizam com aquela garrafa e se foi envelhecido em barril de carvalho.
Denominações de qualidade
Criada na França, as denominações de origem existem para proteger e legislar sobre os vinhos de áreas delimitadas. Um vinho só pode exibir o título de denominação de origem controlada em seu rótulo se seguir uma série de regras: áreas de produção, variedade de uvas permitidas, rendimento máximo da uva por hectare, grau mínimo de álcool, sistema de vinificação, sistema de poda e plantio dos vinhedos e exigências de envelhecimento. Passam ainda por análises químicas e testes de degustação. Na França, em geral, é proibido aos vinhos de origem controlada incluir a variedade da uva no rótulo
A tabela abaixo relaciona os quatro níveis de classificação de denominações de qualidade adotadas em cinco países da comunidade européia.
Níveis de classificação de denominações de qualidade

(1) Outros indicativos dos rótulos franceses
CRU BOURGEOIS - são Châteaux de Bordeaux de uma notoriedade menor que os grands crus. No Médoc, distinguem-se os crus bourgeois e crus bourgeois supérieurs.
CRU CLASSÉ – classificação estabelecida em 1855, posteriormente revisada e ampliada, que indica que o vinho está entre os 61 melhores de Bordeaux. É chamada classificação do Médoc.
PREMIER CRU - designação dos Châteaux Lafite, Haut-Brion, Latour, Margaux e Mouton na classificação de Médoc de 1855 (revista em 1973 para incluir o Château Mouton).
MISEN BOUTEILLE AU CHATEAU/DOMAINE/À LA PROPRIETÉ – Vinho francês engarrafado na propriedade – indicativo de qualidade e individualidade
(2) Outros indicativos de vinhos italianos
SUPERTOSCANOS – vinhos de mesa de alta qualidade feitos a partir de uvas não nativas e novos barris de carvalho
RISERVA (ou Riserva Speciale) - vinhos italianos DOC envelhecidos por determinado número de anos. São vinhos de qualidade superior.
CLÁSSICO - Usado para definir zonas de longa tradição dentro de uma D.O.C. (exemplo: Chianti Classico, Orivieto Classico ).
SUPERIORE – em geral indica um vinho de qualidade superior
(3) Outros indicativos de vinhos espanhóis
CRIANZA RESERVA E GRAN-RESERVA - são termos que indicam, em ordem ascendente, o tempo de envelhecimento de vinhos espanhóis da região da Rioja e Ribeira del Ouro no carvalho e na garrafa.
CRIANZA – 2 anos: 1 no barril e 1 na garrafaRESERVA – 3 anos: 1 no barril e 2 na garrafa
GRAN-RESERVA – 5 anos: 2 no barril e 3 na garrafa
(4) Outros indicativos de vinhos alemães
Os vinhos QmP têm seis níveis, baseados em graus crescentes de amadurecimento das uvas com as quais são produzidos:
KABINETT (reserva) – uvas de colheita normal (baixo teor de álcool, pouco encorpado e seco)
SPÄTLESSE (colheita tardia) - uvas plenamente amadurecidas (alto nível de acidez, seco com o toque de doçura)
AUSLESSE (colheita selecionada) – uvas muito maduras, cachos selecionados
BA - BEERENAUSLESE (colheita de bagos selecionados) – raros e caros, usam uvas afetadas
pela Botrytis cinerea (podridão nobre)
TBA – TROCKENBEE REBAUSLESE (colheita de bagos secos selecionados) – ricos, mais doces e também os mais caros vinhos alemães
EISWEIN (vinho de gelo) – uvas congeladas e muito maduras.Quanto à doçura, eles podem ser:
TROCKEN – muito seco (mais de 9 gramas de açúcar residual por litro)
HALBTROKEN – meio-seco (menos de 18 gramas de açúcar por litro)
(5) Outros indicativos de vinhos portugueses
GARRAFEIRA – em Portugal indica um vinho de qualidade elevada. Também significa adega e um tipo de vinho do Porto raro.
Outros países
Apesar de não existir nada parecido com as Appellation d’Origine Contrôlée em outros países, alguns têm uma legislação que delimita seus vinhos por região. Nos Estados Unidos criou-se o conceito de AVA (área de viticultura americana). São 140, distribuídas em 5 grandes regiões e Estados produtores. No Chile o sistema de denominação divide o país em três áreas: Aconcágua (ao norte, que inclui Casablanca); Vale Central ao meio (mais importante e está dividida em Maipo, Rapel e Maule) e Bío-Bío (incluindo Nuble e Chillan). Na Austrália a divisão por região exige maior conhecimento geográfico do país, mas ajuda saber que nos vinhos de corte deste país a uva que aparece na frente no rótulo é a predominante. Assim, um Cabernet Sauvignon/Shiraz indica que há mais Cabernet do que Shiraz na composição da bebida.
Brasil.
No Brasil os vinhos comuns são denominados de Mesa, aqueles elaborados com uvas da européias nobres (Vitis vinífera) são chamados de Vinhos Finos. A partir de 2002 os vinhos finos elaborados nas regiões demarcadas do Vale dos Vinhedos exibem um selo de indicação de procedência. Outras regiões vinícolas como Campanha, na fronteira com o Uruguai, e Vale do São Francisco, no Nodeste brasileiro, também estão se estruturando para criar uma denominação de procedência que garantam a qualidade de seu produto.